A transição energética como estratégia para empresas e investidores
- GSS

- 8 de out.
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A integração das energias renováveis tem se mostrado imperativa para corporações e investidores. Incorporar fontes limpas permite às empresas reduzir custos de energia e a própria pegada de carbono, ao mesmo tempo em que fortalece sua reputação e vantagem competitiva. Para investidores, a transição energética abre novos mercados e oportunidades de retorno.
Por exemplo, um estudo da KPMG indica que, no Brasil, mais de 90% dos investidores do setor de energia priorizam parcerias em projetos de transição, e muitos já têm aplicado recursos em eficiência energética e em fontes renováveis. Em suma, a adoção de energia renovável não é apenas uma resposta às pressões regulatórias e socioambientais, mas também um movimento estratégico de negócios, integrando metas ESG e atraindo capital via créditos verdes, títulos sustentáveis e linhas de financiamento especializadas.
Panorama do mercado de energia renovável
O Brasil já possui uma matriz elétrica predominantemente renovável. Em março de 2024, a capacidade instalada ultrapassou 200 GW, dos quais cerca de 84% são de fontes renováveis. As três principais fontes limpas da matriz são a energia hidráulica (55% do total), seguida por eólica (14,8%) e biomassa (8,4%). Essa configuração inclui grandes usinas hidrelétricas e pequenas centrais (PCH), além de usinas de bagaço de cana e outras biomassatérmicas. O país ainda é destaque global em eólica, com diversos parques em operação – por exemplo, um recente estudo da ANEEL reportou a entrada de várias usinas eólicas em 2025 totalizando centenas de megawatts de capacidade.
Os ventos brasileiros também têm sido amplamente aproveitados. Atualmente a energia eólica responde por cerca de 14,8% da capacidade instalada, e novos parques eólicos seguem sendo contratados. Fontes renováveis de menor porte – como PCHs e usinas de biomassa – ampliam ainda mais a participação de energia limpa na matriz, somando juntos cerca de 8% do total renovável. O país investe em leilões e concessões para dobrar a capacidade eólica e solar nas próximas décadas.
Além das usinas de grande porte, o Brasil registrou um crescimento explosivo na geração distribuída (energia gerada por consumidores em residências, comércios ou indústrias). Segundo a ANEEL, já existem 27,7 GW em micro e minigeração distribuída instalados, com mais de 2,4 milhões de sistemas conectados à rede e cerca de 3,5 milhões de unidades consumidoras usando créditos pelos excedentes gerados. Essa modalidade permite que empresas instalem painéis solares (ou outras fontes) em seus próprios telhados ou terrenos, injetem energia na rede e “compensem” o consumo futuro. Graças a isso, mesmo pequenos geradores participam da transição energética e ajudam a ampliar a oferta renovável.
Formas de acesso ao mercado renovável
Existem várias maneiras pelas quais empresas podem incorporar energia limpa no seu portfólio energético:
Compra direta / Mercado Livre e PPAs: no mercado livre de energia, consumidoras corporativas podem negociar contratos bilaterais com geradores renováveis. Os PPAs (Power Purchase Agreements) são contratos de longo prazo firmados entre a empresa compradora e o desenvolvedor do projeto, definindo preço, volume, prazo de entrega e garantias da energia renovável adquirida. Esse formato viabiliza, por exemplo, o financiamento de novos parques solares ou eólicos, já que o contrato garante receita futura.
Geração distribuída e créditos de energia: empresas podem optar por gerar sua própria eletricidade. Na modalidade de autoconsumo, instalar painéis solares ou pequenos aerogeradores em suas instalações gera créditos sobre o excedente injetado na rede, que podem ser usados para abater o consumo em até 60 meses. A legislação brasileira também prevê autoconsumo remoto (geração em um local, consumo em outro sob mesmo titular) e geração compartilhada (um só sistema servindo várias unidades), ampliando a flexibilidade desse modelo. Assim, mesmo sem grandes investimentos em usinas, empresas podem acessar energia renovável reduzindo contas de luz.
Certificados I-REC (Renewable Energy Certificates): para comprovar a origem limpa da energia comprada ou consumida, existe o sistema global I-REC. Cada certificado equivale a 1 MWh de energia renovável injetada no sistema elétrico. Ao adquirir I-RECs correspondentes ao seu consumo, a empresa ganha o direito de declarar oficialmente que consumiu eletricidade “verde”, neutralizando suas emissões indiretas (escopo 2) relativas à eletricidade. O I-REC, por isso, é um mecanismo de rastreabilidade internacional amplamente aceito por companhias que desejam comprovar seus compromissos ambientais.
Investimento em projetos e fundos: além de comprar energia, empresas ou investidores podem participar diretamente do desenvolvimento de projetos renováveis. Isso inclui aporte de capital em parques solares, contratos de cofinanciamento ou aquisição de participações em fundos dedicados a energias limpas. Instituições financeiras já oferecem fundos sustentáveis, green bonds e linhas de crédito incentivadas para projetos de baixo carbono. Dessa forma, o investimento em energia renovável pode ser estruturado como um ativo financeiro, alinhando retorno econômico à mitigação de impactos ambientais.
Benefícios financeiros e reputacionais da transição
Adotar energias renováveis traz ganhos claros. Por um lado, contratos de longo prazo (como PPAs) podem segurar preços de energia, protegendo a empresa da volatilidade dos mercados de combustíveis fósseis. Segundo a Atlas Renewable Energy, acordos desse tipo oferecem vantagem tripla: garantem competitividade de custo, continuidade no fornecimento e credenciais ambientais reforçadas, já que toda a energia é livre de emissões. Além disso, fontes renováveis geralmente têm custos operacionais menores (sem necessidade de combustível) e projetos de geração própria podem reduzir encargos setoriais.
Por outro lado, há ganhos intangíveis importantes. O uso de energia limpa melhora a imagem institucional e a confiança de clientes, parceiros e investidores. Em ambientes cada vez mais orientados a critérios ESG, empresas bem posicionadas quanto à sustentabilidade acessam linhas de crédito mais baratas e até atraem investimento via mecanismos dedicados. Fundos ESG e bancos de desenvolvimento, por exemplo, priorizam negócios alinhados a objetivos de clima, oferecendo empréstimos verdes e financiamentos a juros reduzidos.
Em resumo, a transição energética pode gerar economia financeira e agregar valor de marca: comunicar o consumo de 100% de energia renovável já é reconhecido como diferencial competitivo no mercado global.
Desafios regulatórios e operacionais
Apesar das oportunidades, há barreiras a considerar. Muitas vezes o maior desafio é a incerteza regulatória. Mudanças repentinas em regras ou na política de incentivos podem afetar a viabilidade de projetos de longa duração. De fato, 36% dos investidores brasileiros listam riscos regulatórios como obstáculo crítico nas iniciativas de energia limpa.
No âmbito operacional, fatores como intermitência das fontes (vento e sol variam segundo o clima) exigem planejamento de backup ou armazenamento, o que implica em custos adicionais. Há também limitações de infraestrutura: partes do Brasil ainda carecem de linhas de transmissão adequadas para ligar novos parques ao sistema elétrico.
Além disso, contratos internacionais (em moeda estrangeira) estão sujeitos a risco cambial, o que requer estruturas financeiras mais sofisticadas. Por isso, é essencial contar com equipes especializadas para navegar as aprovações ambientais, negociar garantias e implementar soluções tecnológicas como baterias e smart grids, a fim de superar esses obstáculos.
Como a GSS apoia empresas na transição para energia renovável
A GSS oferece soluções estratégicas para empresas que desejam reduzir seu impacto ambiental e avançar na transição energética. Entre os serviços disponíveis, a empresa auxilia na contratação de energia renovável por meio de contratos de compra (PPAs) no mercado livre, garantindo que a estratégia de aquisição esteja alinhada aos objetivos de sustentabilidade e à operação do negócio.
Além disso, a GSS oferece suporte para que os clientes compreendam os impactos de suas escolhas energéticas, desde a definição do modelo de contratação até a análise de benefícios ambientais, ajudando a empresa a avançar em seus compromissos ESG de forma planejada e consistente.
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