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Créditos de Biodiversidade: o que sua empresa precisa saber sobre o novo mercado de ativos naturais

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    GSS
  • 30 de out.
  • 6 min de leitura
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Os créditos de biodiversidade (ou nature credits) são um instrumento econômico emergente que traduz a conservação ou restauração de ecossistemas em unidades financeiras certificadas. Empresas podem adquirir esses créditos para financiar projetos que gerem ganhos netos para a natureza. Por exemplo, proteger florestas nubladas ou revitalizar corais e, assim, apoiar metas de sustentabilidade além das tradicionais emissões de carbono.


Diferentemente dos créditos de carbono (focados na redução de CO₂), cada crédito de biodiversidade equivale a uma área conservada ou restaurada durante um período (no caso do projeto Terrasos, por exemplo, cada crédito representa 10 m² de terra preservada por 30 anos). Em geral, organizações sem fins lucrativos, proprietários de terra ou governos registram projetos de restauração que dão origem a esses créditos, e empresas adquirem esses certificados para cumprir voluntariamente metas de biodiversidade e demonstrar impacto positivo na natureza.


  • Como funciona: um crédito pode corresponder a uma área de floresta plantada ou conservada por um tempo determinado. Por exemplo, o projeto Bosque de Niebla, na Colômbia, vende créditos de biodiversidade em que cada unidade equivale à conservação de 10 m² por 30 anos. Outro caso é a reserva de Tondwa, na Zâmbia, em que comunidades locais e ONGs gerenciam biocréditos equivalentes a 1 hectare preservado por 10 anos. A empresa compradora financia o projeto e recebe um certificado que pode usar em seus relatórios de sustentabilidade.


  • Diferença chave: enquanto os créditos de carbono visam compensar emissões de gases (com preocupação crescente sobre integridade e greenwashing), os créditos de biodiversidade exigem que o impacto final seja positivo para a natureza – não apenas neutralizar danos, mas melhorar a saúde dos ecossistema. Portanto, empresas não “pagam para degradar menos”, mas investem diretamente em conservação e recuperação de biomas, sempre com metodologias transparentes e auditorias rigorosas.


Contexto internacional e tendências globais


A discussão sobre créditos de biodiversidade ganhou força nos fóruns globais recentes. Na COP15 da Convenção sobre Diversidade Biológica (Kunming-Montreal, dez/2022), 196 países assinaram o Quadro Global de Biodiversidade, que prevê metas ambiciosas até 2030. O texto destaca explicitamente a necessidade de mobilizar recursos financeiros – públicos e privados – e menciona “esquemas inovadores, como pagamentos por serviços ambientais, títulos verdes, compensações e créditos de biodiversidade”. Em outras palavras, os biocreditos foram reconhecidos como parte da solução para fechar o gigantesco déficit de investimentos em natureza (estimado em US$ 700 bilhões por ano para manter a integridade dos ecossistemas).


Após a COP15, a comunidade de negócios e finanças intensificou o foco na biodiversidade. A iniciativa TNFD (Taskforce on Nature-related Financial Disclosures) – lançada em 2021 com apoio do G7/G20 – publicou recomendações em 2023 para ajudar empresas a mapear e relatar riscos natureza-relacionados. Mais de 320 organizações (entre elas gigantes globais e bancos importantes) se comprometeram a adotar voluntariamente essas diretrizesl. Em janeiro de 2024, por exemplo, a co-presidente da TNFD destacou que empresas já reconhecem que seus modelos de negócio “são altamente dependentes tanto da natureza quanto do clima” e que esses temas devem ser tratados como riscos estratégicos e oportunidades. Na prática, isso significa que além de neutralizar carbono, as corporações terão de demonstrar ações positivas para a biodiversidade.


Paralelamente, iniciativas como o Science Based Targets Network (SBTN) definem padrões científicos para metas de biodiversidade corporativa, e organismos financeiros internacionais (WEF, CMN de Créditos de Biodiversidade, etc.) lançam diretrizes para garantir a alta integridade do mercado. O Fórum Econômico Mundial, por exemplo, publicou em 2025 princípios para orientar o mercado de biocréditos de forma a gerar benefícios reais para clima, gente e natureza. Já a União Europeia divulgou em 2025 uma Roadmap de Créditos da Natureza, incentivando parcerias técnico-políticas para viabilizar mercados de créditos de biodiversidade de alto padrão.


Essas tendências internacionais refletem um consenso crescente: biodiversidade é parte da agenda ESG. Reguladores (como o ISSB) e padrões globais tendem a incorporar requisitos de divulgação de riscos ambientais integrais, alinhados ao que se vê nos relatórios de clima. Empresas que já assumiram compromissos com o GBF de Kunming-Montreal e assinaram declarações Business for Nature têm pressionado para que os governos exijam mais transparência sobre impactos naturais. Em síntese, o ambiente internacional está se movendo rapidamente para definir regras e bonificações para quem investir em natureza.


Oportunidades estratégicas para as empresas


Para gestores e lideranças, os créditos de biodiversidade abrem diversas oportunidades:

  • Diversificação de iniciativas ambientais: além de programas de redução de emissões, sua empresa pode incorporar projetos de conservação, ampliando o portfólio de ativos naturais positivos. Isso atrai investidores de impacto e alianças público-privadas que valorizam abordagens integradas.


  • Sinergia com descarbonização e ESG: muitos projetos de biodiversidade (como florestamento ou restauração de manguezais) capturam carbono. Assim, investir em biocréditos complementa a descarbonização, gerando co-benefícios climáticos e fortalecendo a narrativa ESG. Ferramentas especializadas até sugerem que créditos de biodiversidade podem ser usados de forma complementar às metas de carbono, alinhando iniciativas climáticas e naturais.


  • Gestão de riscos operacionais: proteger ecossistemas dos quais a empresa depende (por exemplo, nascentes hídricas ou polinização agrícola) reduz riscos na cadeia produtiva. Financiar projetos de restauração ou preservação pode minimizar interrupções causadas por desmatamentos ou mudanças climáticas locais. Conforme apontam especialistas, “financiar esforços de proteção e restauração também pode ajudar as empresas a gerenciar riscos relacionados aos ecossistemas em suas próprias operações” (impactos no abastecimento de água, nas culturas agrícolas etc.).


  • Reputação e cumprimento de políticas: há pressão crescente de clientes, investidores e reguladores para que empresas demonstrem responsabilidade ambiental. Participar desse mercado posicional a marca como inovadora e nature-friendly. Além disso, governos – inspirados por acordos internacionais – já consideram critérios de natureza em licitações e financiamentos. Por exemplo, o próprio governo de São Paulo lançou em 2025 um programa pioneiro de restauração ecológica em que se paga em créditos de carbono e de biodiversidade. Projetos como esse sinalizam que, em breve, não será apenas voluntário: empresas que investirem cedo terão vantagem competitiva ao atenderem a futuros requisitos legais e certificações emergentes.


  • Retorno social e comunitário: mercados de biodiversidade bem estruturados valorizam o envolvimento de comunidades locais e povos indígenas. Ao remunerar quem cuida da natureza, esses créditos criam renda e reforçam direitos tradicionais. Empresas podem aproveitar essa dinâmica como diferencial de inovação social, melhorando relações locais e cumprindo políticas de investimento responsável.


Em suma, um mercado de créditos de biodiversidade sólido pode se tornar mais um instrumento no arsenal de sustentabilidade corporativa. Com regras claras de governança e métricas consistentes, ele oferece uma nova forma de demonstrar compromisso com a natureza – seja como extensão da estratégia de neutralidade climática ou como parte de uma agenda nature-positive mais ampla.


Como as empresas podem se preparar


Diante desse cenário, gestores interessados devem dar os primeiros passos:

  1. Mapear riscos e dependências: usar ferramentas como TNFD e SBTN para identificar onde e como a empresa impacta – ou é impactada por – serviços ecossistêmicos. Compreender, por exemplo, quantos fornecedores estão em áreas críticas de biodiversidade ou quanto da operação depende de recursos naturais.


  2. Estabelecer metas claras: assim como há targets de clima, considere metas de natureza positiva. Adotar ciência para definir objetivos (por exemplo, a SBTN já oferece diretrizes para metas de biodiversidade) ajuda a traçar planos de ação mensuráveis.


  3. Explorar parcerias e projetos-piloto: busque cooperar com ONGs, startups de conservação e fundos de impacto. Alguns projetos já permitem que empresas coloquem recursos em iniciativas de biocréditos. Por exemplo, empresas brasileiras da lista do TNFD ou bancos de desenvolvimento podem estar interessadas em co-financiar pilotos.


  4. Capacitação interna: treine equipes de sustentabilidade e relacionamento com investidores sobre o conceito de créditos de biodiversidade e sua importância estratégica. Explique aos conselhos e acionistas que, assim como se faz devido diligência de carbono, agora amplia-se o olhar para o capital natural.

  5. Alinhar políticas corporativas: inclua critérios de natureza nas políticas de compras e nos relatórios ESG. Por exemplo, prefira fornecedores comprometidos com práticas de recuperação de solo ou recursos hídricos – isso cria demanda para projetos de créditos.


  6. Comunicação transparente: na abordagem a investidores ou consumidores, informe como a empresa está incorporando natureza às suas metas. Use exemplos concretos (como apoiar a regeneração de uma área degradada ou financiamento de um parque natural) para ilustrar o uso de biocréditos.


Os créditos de biodiversidade estão dando os primeiros passos como mercado, mas já se veem sinais claros de que essa tendência só vai crescer. Em um mundo cada vez mais atento ao capital natural, as empresas que formarem know-how em biocréditos ganharão vantagem competitiva e estarão preparadas para as próximas exigências de sustentabilidade global.


Como a GSS conecta negócios à sociobioeconomia e à economia de baixo carbono


Nesse cenário promissor, a GSS destaca-se como parceira estratégica para empresas A GSS é uma parceira estratégica para empresas que buscam integrar biodiversidade e sociobioeconomia às suas operações. Atuando no desenvolvimento de projetos em diversas regiões do Brasil, conecta companhias a iniciativas de conservação, restauração e uso sustentável da natureza por meio da plataforma VBIO. Além disso, estrutura mecanismos financeiros inovadores – como créditos de biodiversidade e carbono – que transformam ativos naturais em valor real para os negócios.


Com experiência em programas de impacto socioambiental, a GSS apoia empresas na definição de metas, mensuração de resultados e escolha de projetos alinhados a padrões internacionais. Sua atuação garante que os investimentos gerem impacto positivo tanto para o meio ambiente quanto para comunidades locais, fortalecendo a licença social e a reputação corporativa. Em um cenário de transição para uma economia regenerativa, a GSS ajuda empresas a transformar compromissos ambientais em ações concretas e diferenciais competitivos.


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