Da floresta ao setor privado: o que o Brasil pode ensinar ao mundo na COP30
- GSS
- há 1 dia
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Como cidade anfitriã da COP30, Belém (PA) oferecerá ao mundo uma plataforma única para debater soluções climáticas com os pés fincados no coração da Amazônia. Em seu papel diplomático, o Brasil reafirma o compromisso de fortalecer o multilateralismo climático e buscar consensos globais para reduzir emissões. A ministra Marina Silva ressalta que “a COP30 será um marco para reforçar o papel do Brasil como protagonista na agenda climática global”, destacando a necessidade de liderar pelo exemplo e estreitar articulações regionais e globais.
O Brasil tem ainda se posicionado como ponte entre Norte e Sul globais. Sob presidência brasileira do G20 (2024), a pauta ambiental foi elevada às prioridades do bloco, e o governo firmou compromissos climáticos ambiciosos. Conforme destacado, “o Brasil tem papel único como ponte entre norte e sul globais” e busca convergências entre as demandas dos países em desenvolvimento e as responsabilidades dos desenvolvidos.
Agenda de Ação COP30: Global Stocktake e Mutirão Global
Na preparação da COP30, o país lançou uma Agenda de Ação inédita, orientada pelo primeiro Balanço Global (Global Stocktake) de Dubai. A Quarta Carta da Presidência propõe um “Mutirão Global” – inspirado em valores indígenas – que convoca governos, empresas e sociedade civil a co-criar soluções climáticas urgentes. A estratégia é transformar o balanço global em uma “Contribuição Determinada Globalmente”, alinhando empresas, sociedade civil e todos os níveis de governo em um esforço coordenado para implementar as metas climáticas internacionais.
O plano de negociações da COP30 está organizado em seis grandes eixos temáticos:
Transição Energética, Industrial e de Transportes;
Gestão de Florestas, Oceanos e Biodiversidade;
Transformação da Agricultura e dos Sistemas Alimentares;
Resiliência para Cidades, Infraestrutura e Recursos Hídricos;
Promoção do Desenvolvimento Humano e Social;
Facilitadores e Aceleradores (financiamento climático, tecnologia e capacitação).
Paralelamente, o Brasil enfatiza que a ação climática deve contemplar justiça e inclusão. Em suas cartas presidenciais, o governo se compromete a envolver povos indígenas e comunidades locais em todas as decisões, garantindo que a equidade climática seja parte integrante do processo.
Bioeconomia amazônica e inovação sustentável
Na vertente técnica, a Amazônia ilustra um caminho de bioeconomia inclusiva. Com mais de 40 mil espécies de plantas e rica presença de povos indígenas e comunidades tradicionais, a região possui enorme potencial para a bioeconomia, especialmente dentro das cadeias produtivas nativas. Essa bioeconomia amazônica alia ciência, tecnologia e saber tradicional para agregar valor econômico às atividades locais sem desmatar, gerando renda e empregos sustentáveis.
Um caso de sucesso ilustrativo é o Programa Território Médio Juruá (Amazonas), que apoia organizações comunitárias e investimentos sociais na região. Até o momento, o programa mobilizou cerca de R$ 10 milhões, conservou mais de 1 milhão de hectares de floresta e beneficiou diretamente cerca de 4.000 pessoas.
Empresas e startups locais também vêm criando produtos inovadores a partir de insumos nativos. Frutos amazônicos como açaí, castanha-do-Brasil, cumaru e tucumã estão sendo transformados em leites vegetais, farinhas, óleos essenciais e proteínas funcionais.
Modelos de negócio plant-based inspiram-se no conhecimento tradicional: por exemplo, empreendimentos regionais desenvolveram supershakes e produtos funcionais que aliam ancestralidade a alto valor nutricional, fortalecendo a floresta em pé e fomentando o desenvolvimento econômico local.
Créditos de Carbono e Biodiversidade
O Brasil também avança em mecanismos de mercado para mitigar emissões e proteger ecossistemas. Internacionalmente, o país lidera esforços por maior financiamento climático – por exemplo, via G20 – propondo mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais até 2035, e estende padrões de governança global com foco em inclusão e equidade. Em âmbito nacional, intensificam-se articulações para interoperabilizar mercados de carbono: o Ministério da Fazenda formou coalizões internacionais dedicadas à regulação e interoperabilidade dos mercados de carbono.
Também surgem iniciativas pioneiras de créditos de biodiversidade. Um projeto inédito no Pantanal do Sul do Brasil criou biocréditos baseados na onça-pintada: comunidades locais e fazendas recebem pagamentos por manter trilhas de floresta intactas e habitats preservados. O Instituto Homem Pantaneiro, executor do projeto, oferece esses créditos via plataforma global, remunerando quem protege espécies-chave e vegetação nativa. Tais projetos são adquiridos por empresas e governos que querem compensar impactos ambientais.
Comunidades locais e povos indígenas no centro
O Brasil insere as vozes tradicionais em suas soluções climáticas. A Secretaria de Povos Tradicionais do MMA declarou: “Sem comunidades locais, não há ação climática eficaz. No Brasil, aprendemos muito ouvindo nossos povos indígenas, quilombolas e comunidades locais que há séculos cuidam da terra, da água e da floresta”. Na prática, o governo avançou com políticas que ampliam a participação desses grupos, incluindo-os em fóruns internacionais, consultas públicas e linhas de financiamento especializadas.
Essa integração também está prevista nos instrumentos financeiros da COP30. Por exemplo, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) – pagamento por resultados na conservação – estabelece US$ 4 por hectare ao ano, reservando ao menos 20% desses recursos a povos indígenas e comunidades locais que protegem florestas tropicais. Isso reforça que os conhecimentos tradicionais são parte essencial da solução, não meramente representação simbólica.
Soluções Baseadas na Natureza e parcerias verde-amarelas
Por fim, o Brasil dissemina soluções baseadas na natureza (SbN) em larga escala. Tais soluções usam ecossistemas naturais para reduzir riscos climáticos e gerar serviços ambientais. Em todo território nacional há exemplos: desde infraestrutura verde urbana até grandes projetos de restauração florestal.
Essas SbN ajudam a construir uma economia de baixo carbono. Como destaca análise recente, na Amazônia, as SbN contribuem para a conservação da biodiversidade, a restauração de áreas degradadas e o desenvolvimento de práticas sustentáveis que geram renda mantendo a floresta em pé. Em outras palavras, investir em serviços naturais significa impulsionar a mitigação climática e adaptação ao mesmo tempo em que se promove desenvolvimento sustentável.
Em suma, o Brasil acumula lições ricas para o mundo: do protagonismo institucional às soluções práticas de bioeconomia, manejo florestal comunitário, mercados verdes e infraestrutura natural.
Empresas preparadas já buscam transformar esses aprendizados em estratégia
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