O mercado de carbono: tendências e oportunidades para empresas brasileiras
- GSS

- 5 de nov.
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À medida que a urgência climática se intensifica e os compromissos globais de neutralidade de emissões se tornam mais ambiciosos, o mercado de carbono consolida-se como um dos instrumentos econômicos mais relevantes para acelerar a transição para uma economia de baixo carbono.
Para o setor privado brasileiro, esse é um momento decisivo: compreender as dinâmicas do mercado, antecipar regulamentações e estruturar estratégias de descarbonização são diferenciais competitivos que vão muito além da agenda ambiental — influenciam diretamente o acesso a capital, reputação e novos modelos de negócio.
O que é o mercado de carbono e como ele funciona
O mercado de carbono é um mecanismo que atribui valor econômico às emissões de gases de efeito estufa (GEE). Ele se baseia no princípio de que reduzir emissões tem um custo - e emitir também. Empresas e países podem, assim, comprar e vender créditos de carbono, que representam a redução ou remoção equivalente a uma tonelada de CO₂e (dióxido de carbono equivalente).
Na prática, existem dois tipos principais de mercados:
Mercado regulado: estabelecido por legislações nacionais ou internacionais, define limites de emissões (cap and trade) e regras para a compensação.
Mercado voluntário: permite que empresas e organizações adquiram créditos de forma espontânea, para compensar suas emissões ou contribuir com metas climáticas voluntárias.
O Brasil ainda não possui um sistema regulado em operação, mas está prestes a implementá-lo. O Projeto de Lei nº 182/2024, que cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), já foi aprovado no Senado e avança em direção à regulamentação federal. Isso significa que, em breve, empresas que emitem acima de determinados limites terão metas obrigatórias de redução, inaugurando um novo ciclo de oportunidades para soluções climáticas corporativas.
Tendências globais e o papel do Brasil
O mercado global de carbono movimentou mais de US$ 900 bilhões em 2023, segundo a Refinitiv, impulsionado por novas regulações e aumento na demanda por créditos de qualidade. Na América Latina, o Brasil desponta como protagonista natural nesse cenário, não apenas por seu potencial de descarbonização, mas por sua vantagem comparativa em soluções baseadas na natureza (NBS), que podem representar até 50% das reduções necessárias até 2030, segundo o IPCC.
Entre as principais tendências que moldam o mercado, destacam-se:
Avanço das regulamentações nacionais e setoriais: diversos países, incluindo o Brasil, estruturam sistemas obrigatórios de comércio de emissões, o que ampliará a demanda por créditos certificados.
Adoção de métricas e padrões internacionais: frameworks como SBTi, TNFD e IFRS S2 orientam a integração entre risco climático, reporte financeiro e estratégias corporativas de redução de emissões.
Demanda crescente por créditos de alta integridade: o mercado caminha para uma diferenciação clara entre créditos de baixa e alta qualidade, com rastreabilidade, co-benefícios socioambientais e comprovação científica.
Integração entre descarbonização e sociobioeconomia: cresce o interesse em projetos que conciliam conservação da biodiversidade, geração de renda local e mitigação climática, reforçando o papel estratégico da Amazônia e dos biomas brasileiros.
Esses movimentos posicionam o Brasil como fornecedor relevante de ativos climáticos e ambientais, com potencial de liderança global na nova economia verde, desde que consiga alinhar governança, credibilidade e escalabilidade.
Oportunidades para empresas brasileiras
Para as empresas, o mercado de carbono vai além da compensação. Ele representa uma estratégia de competitividade e gestão de riscos climáticos. A seguir, alguns caminhos estratégicos que se abrem a partir dessa transformação:
a) Redução e monetização de emissões
Empresas que conseguem medir e reduzir suas emissões ganham não apenas eficiência operacional, mas também ativos financeiros ao gerar créditos certificados. Projetos de energia renovável, eficiência energética, reflorestamento e manejo florestal sustentável são exemplos de iniciativas que podem resultar em créditos negociáveis, tanto no mercado voluntário quanto, futuramente, no regulado.
b) Acesso a capital e compliance internacional
A integração de métricas climáticas às estratégias corporativas já é uma exigência crescente de investidores e financiadores.
Relatórios alinhados a TCFD, CDP e SBTi, por exemplo, são diferenciais para acesso a fundos internacionais e green bonds.
Empresas brasileiras que estruturarem planos robustos de descarbonização estarão mais preparadas para atender a essas exigências, inclusive em cadeias de exportação.
c) Inovação e posicionamento
O mercado de carbono também estimula inovação, tanto tecnológica quanto de modelo de negócio. Companhias que atuam como compradoras, geradoras ou intermediárias de créditos ganham protagonismo no novo ecossistema de soluções climáticas, conectando impacto socioambiental e valor econômico.
d) Engajamento em cadeias de valor
Cada vez mais, grandes corporações exigem que seus fornecedores relatem e reduzam suas emissões (Escopo 3).
Nesse contexto, empresas brasileiras que lideram ações de descarbonização em suas cadeias ampliam competitividade e fortalecem reputação perante o mercado internacional.
Desafios de credibilidade e governança
Apesar das oportunidades, o mercado de carbono enfrenta desafios de confiança. Questões como dupla contagem, falta de transparência e projetos com benefícios socioambientais pouco claros ainda geram dúvidas em investidores e consumidores.
A consolidação de padrões internacionais, como o Integrity Council for the Voluntary Carbon Market (ICVCM), e a adoção de protocolos de Mensuração, Relato e Verificação (MRV) mais rigorosos, são fundamentais para fortalecer a credibilidade do sistema.
No contexto brasileiro, a integração entre ciência, governança e impacto social será determinante.
Como a GSS apoia empresas na jornada de descarbonização
A GSS atua há mais de uma década como parceira técnica de empresas, governos e organizações na gestão climática e desenvolvimento de programas de impacto. Sua abordagem combina ciência, tecnologia e governança para traduzir metas em resultados mensuráveis.
Entre as soluções oferecidas, destacam-se:
Inventários de emissões de GEE e planos de redução alinhados a SBTi e TCFD;
Avaliação de riscos climáticos e de uso da biodiversidade, considerando TCFD e TNFD;
Desenvolvimento e validação de projetos de carbono e natureza, com foco em integridade, rastreabilidade e benefícios socioambientais;
Integração com cadeias de valor e programas corporativos de sustentabilidade;
Plataforma VBIO.eco, que conecta empresas, investidores e projetos de impacto com rastreabilidade e mensuração de resultados.
Ao conectar ciência e estratégia, a GSS contribui para que empresas brasileiras assumam papel protagonista na transição para uma economia regenerativa e de baixo carbono, onde o valor está diretamente ligado à capacidade de gerar impacto positivo.
Conclusão
O mercado de carbono está deixando de ser uma agenda de futuro e tornando-se um instrumento presente de competitividade, inovação e responsabilidade corporativa. Empresas que se posicionarem desde já, estruturando sua governança climática e buscando parceiros técnicos confiáveis, estarão à frente na nova economia de impacto.
O Brasil tem a combinação ideal de ativos naturais, conhecimento técnico e engajamento empresarial para liderar essa transformação.
E a GSS segue comprometida em apoiar essa jornada, unindo rigor científico, transparência e propósito para transformar desafios climáticos em oportunidades concretas de desenvolvimento sustentável.
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