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Relatórios de Sustentabilidade: o que investidores querem saber?

  • Foto do escritor: Vanessa Souza
    Vanessa Souza
  • 24 de set.
  • 5 min de leitura
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Investidores institucionais vêm exigindo cada vez mais transparência sobre aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG) nas empresas. Em 2025, 88% dos investidores afirmam ter aumentado o uso de informações ESG em suas análises corporativas, segundo uma pesquisa global da EY. 


Mais da metade dos entrevistados (55%) prevê que as mudanças climáticas afetarão fortemente suas estratégias de investimento no curto prazo. Outra pesquisa indica que 85% dos gestores de investimento consideram fatores ESG importantes em suas decisões, e 80% avaliam como as práticas ESG impactam o fluxo de caixa das empresas. Esse interesse reflete uma tendência mundial: quase 85% dos investidores entrevistados esperam crescimento de fundos ESG nos próximos anos. 


Em resumo, há uma demanda clara por relatórios de sustentabilidade que sejam objetivos, quantitativos e alinhados ao desempenho financeiro, de modo a demonstrar como iniciativas ambientais e sociais agregam valor de longo prazo à empresa.



Padrões globais e frameworks de referência


Para atender a essas demandas, as empresas vêm adotando padrões e frameworks de sustentabilidade reconhecidos internacionalmente. Eles fornecem um referencial comum que torna as informações comparáveis e confiáveis para investidores e reguladores.


  • IFRS S1 e S2 (ISSB) – Em junho de 2023 o ISSB (International Sustainability Standards Board) emitiu os primeiros padrões de divulgação de sustentabilidade global (IFRS S1 e S2). O IFRS S2 foca em riscos e oportunidades climáticas: exige informações sobre governança, estratégia, gestão de riscos e metas relacionadas ao clima, baseando-se nas recomendações do TCFD (task force de divulgação financeira do clima) 


    Essas normas criam uma “base global” de divulgação voltada a investidores, buscando informações consistentes e comparáveis sobre riscos ESG. Como resultado, já existem 30 jurisdições (57% do PIB mundial) que estão adotando ou preparando regulamentos baseados nos padrões ISSB, e em poucos meses mais de 1.000 empresas mencionaram os padrões ISSB em seus relatórios. No Brasil, a CVM aprovou normas inspiradas nos IFRS S1/S2, reforçando a obrigatoriedade de divulgar riscos climáticos e de sustentabilidade nas demonstrações financeiras.


  • CDP (Carbon Disclosure Project) – Uma plataforma global de divulgação de dados ambientais (clima, água e florestas). Mais de 680 investidores, controlando cerca de US$130 trilhões em ativos, apoiam as solicitações anuais do CDP. Em 2024, o CDP avaliou um número recorde de 22.700 empresas em todo o mundo. Atualmente, empresas que representam dois terços da capitalização de mercado global (de 130 países) reportam seus dados ambientais pelo CDP. Estudos do CDP mostram que companhias que divulgam por essa plataforma reduzem suas emissões diretas em 7–10% em até dois anos. 


    Ou seja, o CDP se tornou um “Oscar” da transparência ambiental corporativa. Muitas empresas líderes integram o chamado A-List do CDP (nota máxima) em temas como mudanças climáticas, água e florestas, sinalizando excelente governança ESG.


  • SBTi (Science Based Targets Initiative) – Iniciativa que valida metas de redução de emissões corporativas alinhadas à ciência (objetivo máximo de 1,5 °C de aquecimento). O SBTi vem crescendo explosivamente: até meados de 2025, havia 11.532 empresas com metas SBTi cadastradas, sendo 8.896 com metas já validadas. Entre o final de 2023 e meados de 2025, o número de empresas com metas de curto prazo e de “net-zero” aprovadas pelo SBTi subiu 227%


    Em 2024, companhias com metas SBTi validadas representavam 41% da capitalização de mercado global (aproximadamente 1/4 da receita mundial). O SBTi influencia diretamente os relatórios de sustentabilidade, pois suas metodologias (inclusive setoriais, como para agricultura e uso da terra) orientam a definição de metas divulgadas em relatórios climáticos empresariais. A SBTi reafirmou que gestores inteligentes enxergam como vantajoso integrar metas científicas na estratégia, como forma de mitigar riscos de transição e explorar oportunidades da economia de baixo carbono.


Além desses, há outros frameworks de divulgação (TCFD, GRI, CSRD na UE etc.), mas investidores atualmente focam em padrões financeiramente relevantes (como IFRS S2) e em iniciativas de ampla adesão (CDP/SBTi). O importante é que os relatórios corporativos demonstrem conformidade com esses padrões reconhecidos, isso aumenta a confiança do investidor na qualidade da informação.



Exigências por setor e exemplos práticos


Investidores avaliam critérios específicos conforme o setor de atuação. Embora a demanda por transparência ESG seja geral, alguns temas recebem ênfase diferenciada:


  • Energia e petróleo/gás

Setores intensivos em carbono enfrentam forte pressão para relatar riscos climáticos. Investidores cobram análises de transição energética, impacto de regulações de baixo carbono e mitigação de riscos físicos (inundações, secas, eventos extremos). 


Exemplo: grandes elétricas e petroleiras brasileiras (como CPFL Energia, Petrobras, EDP Brasil) divulgam suas emissões e cenários de transição por meio do CDP e começam a incorporar os requisitos do IFRS S2 em notas explicativas do balanço. 


Órgãos reguladores como CVM e Banco Central estão exigindo que essas empresas adotem diretrizes de TCFD/ISSB e relatem exposições climáticas de forma padronizada.


  • Agronegócio e alimentos

Investidores monitoram o desmatamento nas cadeias de produção e metas de redução de emissões. Empresas do setor alimentício e de commodities verdes são estimuladas a adotar metas SBTi e divulgar via CDP. Um exemplo prático é a Marfrig: em 2025, a empresa obteve nota “A” do CDP em mudanças climáticas, água e florestas, entrando na A-List global do CDP. 


A Marfrig foi também a primeira empresa de proteína animal nas Américas a ter suas metas SBTi aprovadas, assumiu reduzir 68% das emissões dos escopos 1 e 2 e 33% no escopo 3 até 2035, além de meta de 100% de energia renovável. Outro caso é o setor sucroalcooleiro (grãos e biocombustíveis), em que empresas como Raízen e JBS têm adotado metas científicas e aumentado a transparência dos seus relatórios climáticos para satisfazer investidores preocupados com a conversão de terra.


  • Financeiro

Bancos e instituições financeiras são avaliados tanto pelo próprio desempenho de ESG quanto pelos riscos de crédito/portfólio relacionados ao clima. Investidores cobram que bancos informem sua exposição a riscos climáticos (por exemplo, que parcela de ativos pode ficar obsoleta em um cenário de descarbonização) e como integram ESG na governança. 


Muitas instituições (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil etc.) já adotaram compromissos SBTi para suas operações e carteiras de investimento. Paralelamente, exigem-se divulgações conforme IFRS S2 sobre riscos climáticos relevantes aos seus negócios, antecipando regulações internacionais.


  • Indústria e manufatura

Empresas industriais (papel e celulose, mineração, químicas, automotivo) são foco de demanda por métricas de emissões e uso de recursos. No Brasil, destacam-se companhias como Klabin (papel e celulose), que obteve classificação Triplo “A” do CDP, e Suzano, Dexco e Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que figuram na A-list do CDP em pelo menos um tema (clima, água ou florestas). 


Essas empresas reportam inventários de emissões detalhados e metas de redução. Em setores de exportação, como químicos e siderúrgicas, relatos indicam que investidores internacionais passam a exigir evidências de planos de descarbonização e relatórios conforme TCFD/ISSB. Globalmente, corporações como Unilever, Microsoft e Nike, que operam em múltiplos setores, já alinham seus relatórios aos padrões ISSB, CDP e SBTi, o que define um benchmark que empresas brasileiras almejam seguir.



Conclusão 


O cenário atual deixa claro que investidores querem relatórios de sustentabilidade robustos e padronizados. Eles buscam informações quantitativas e verificáveis sobre riscos ESG, metas de redução de emissões e o impacto financeiro dessas estratégias. O alinhamento com padrões globais (CDP, IFRS S2/ISSB, SBTi etc.) não é apenas recomendável, mas tende a virar requisito regulatório nos próximos anos. Empresas que atendem às expectativas de transparência conquistam maior confiança do mercado e acesso facilitado a financiamentos.


A GSS está pronta para orientar sua empresa nessa jornada. Nossos serviços de consultoria incluem estratégia de ESG, formatação de relatórios sustentáveis e adequação às normas internacionais. Ajudamos a estruturar inventário de emissões, definir metas baseadas na ciência e elaborar relatórios climáticos alinhados ao IFRS S2 e ao CDP. Com expertise em setores de energia, agronegócio, financeiro, indústria e outros, a GSS garante que seu relatório ESG seja claro, preciso e aderente às expectativas de investidores. 


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